Mudança em Psicoterapia

A psicoterapia é um dos domínios em constante desenvolvimento, a compreensão dos mecanismos de mudança do comportamento é preponderante, uma vez que consiste, precisamente, num processo de ajuda em que o terapeuta e o cliente se envolvem numa tentativa de construção de padrões de funcionamento mais adaptativos (Moreira, 2005). Neste sentido, não é de admirar que, desde os inícios da psicoterapia, se tenham desenvolvido esforços no sentido de uma melhor compreensão acerca dos processos de mudança do comportamento humano, nomeadamente a forma como uma relação muito particular poderia promover uma transformação desse comportamento (Midgley, 2007).

E se, nos primórdios da psicoterapia – com Freud – estes esforços eram ainda muito centrados na compreensão do fenómeno que se passava naquela relação que a designou de psicoterapia, a partir de uma determinada altura, a compreensão sobre a mudança do comportamento humano proporcionada pelo processo psicoterapêutico tornou-se numa verdadeira intenção de uma determinada classe profissional – grupos de pessoas que, de alguma forma, sofriam devido ao seu padrão desajustado de comportamentos (Elliot, 1991).

A psicoterapia é considerada como um processo que tem como base a relação e a colaboração, e é através da narrativa que se alcança a elaboração de significados relativamente à experiência do indivíduo. Se por um lado há investigadores que demonstram interesse pelo grau de mudança que o processo psicoterapêutico propicia, outros empenham-se em compreender o que se passa na psicoterapia, e a partir de um determinado período houve um interesse significativo em perceber o que está por detrás da mudança terapêutica (Z., Sousa, 2006).

Como já foi referido, a ideia de que o processo da psicoterapia será algo linear dá lugar à consciência da complexidade da relação terapêutica – das diversas variáveis presentes no processo da psicoterapia. Os processos de mudança em psicoterapia são processos emergentes no contexto da relação terapêutica, orientados para a co-construção de novos significados para a experiência. Na psicoterapia o objetivo principal é potenciar o cliente à proatividade e intencionalidade na reprodução da sua vivência, na construção de compreensões mais viáveis e na transformação das suas experiencias. “É a mudança que sustenta a utilidade e praticabilidade da psicoterapia” (Z., Sousa, 2006, p.42).

A psicoterapia deve ser vista como um trabalhado colaborativo, em que tanto o cliente como o terapeuta têm um papel predominante na construção de significados para as experiências, de narrativas e das mudanças que pode ocorrer neste processo. O indivíduo é visto como o principal responsável da sua experiência e responsável pela elaboração da mudança em psicoterapia, i.e., pretende-se que o indivíduo seja dinâmico e proactivo em consonância com o terapeuta, e que vá criando capacidade reflexiva e fluidez com o intuito de compreender e redigir a sua própria narrativa (R. Neimeyer, 1993). É através da linguagem e da relação psicoterapêutica, que se elabora a mudança. A relação e o processo terapêutico representa um condutor para a criação de histórias interpoladas, e que nelas estão inseridas as experiências vividas pelo cliente. Sendo o diálogo colaborativo uma das bases da psicoterapia que possibilita a emergência da transformação de experiencias e de significados do sujeito vão permitir ao cliente formar novos significados que lhe serão mais úteis (Z., Sousa, 2006). Como já foi referido, sendo a psicoterapia um contexto para a perceção das histórias dos clientes e para a construção de significados, ela constitui um ensejo para a mudança. Em suma, tendo como base a perspetiva pós-moderna, conclui-se que o papel do cliente é de proatividade, sendo este o principal construtor da sua experiência assim como diversas perceções acerca da mudança.

Na Mental8Works, concebemos a mudança como um processo de construção útil mas também complexo, não obstante os processos úteis e dolorosos que intrinsecamente estão presentes no processo psicoterapêutico. O “bem-estar” é considerado importante para a construção e promoção da mudança, tal deve ser construído na relação terapêutica – o desenvolvimento de uma relação, com uma base segura, confiante, de suporte, de compreensão, de apoio e confortável, promoverá o bem-estar no paciente, e disponibilidade por parte do mesmo para a mudança terapêutica.

Joana Nina – Psicóloga da Mental8Works

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