Dia Mundial da Criança

O desenvolvimento de uma criança é um dos fenómenos mais cativantes da natureza humana. A aquisição diária de novas competências como reconhecer a voz da mãe, os primeiros sorrisos quando o pai se aproxima, sentar-se ou agarrar objetos, tornam-se momentos de elevada importância.

As várias fases do desenvolvimento do ser humano revelam-se marcantes dadas as idiossincrasias das tarefas de desenvolvimento adquiridas em cada uma delas. Já Jean Piaget defendia que na infância experimentam-se e desenvolvem-se recursos essenciais que possibilitam a progressiva autonomia das crianças. Desde aprendermos mecanismos de resolução de problemas, a comunicarmos verbal e não verbalmente, a reconhecermos e gerirmos emoções, entre outras habilidades, na infância adquirem-se as ferramentas-base para progredirmos ao longo da vida.

O entusiasmo dos cuidadores para com cada conquista das crianças leva, frequentemente, ao apressar da vivência das várias etapas necessárias a um desenvolvimento equilibrado e harmonioso. Por vezes, esta exaltação por encontrarmos “pequenos adultos” nas crianças, potencia ansiedade. Tal como Lev Vygostky sugeriu, exigir capacidades para as quais não estão naturalmente preparadas pode desrespeitar as individualidades de cada criança e conduzir a frustrações de ambas as partes. A aquisição de novas competências pode e dever ser, em parte, estimulada nas crianças. Contudo, deve deixar-se espaço para a aprendizagem espontânea através, maioritariamente, do brincar. A brincadeira e a curiosidade podem ser incentivadas de múltiplas formas, sítios e com diferentes parceiros. Através do brincar, a criança não se recria apenas a ela própria como ao mundo que a rodeia, de forma progressivamente mais complexa e complexa.

Brincar traz diversos benefícios para as crianças, mas também para os cuidadores. Através do brincar, a criança e os seus cuidadores estabelecem relações de maior proximidade e afetividade. Embora no passado, a prática de deixar as crianças brincarem e brincar-se com elas tenha sido desvalorizada, progressivamente, tem sido admitido o seu valor educativo e instituída como condição essencial para o processo de desenvolvimento desejável.

As formas de brincar vão mudando ao longo da infância conforme as características de cada fase. Por exemplo, crianças mais novas tendem a repetir a mesma brincadeira diversas vezes. Tal acontece porque as crianças precisam de praticar uma determinada tarefa várias vezes para que a dominem e se sintam confiantes nesta. Frequentemente, a repetição aborrece os cuidadores adultos que tentam acelerar o ritmo, introduzindo novas ideias de tarefas. O elogio e encorajamento da criatividade e ideias da criança, bem como, da sua capacidade de concentração e persistência são facilitadores da aprendizagem. Brincar com os pares também é importante para o desenvolvimento de valores e competências sociais, tais como empatia, partilha, entreajuda e resolução de conflitos. Embora a ajuda do adulto à criança seja importante, esta ajuda não deve ser em demasia ou assumir-se a realização da tarefa, o que poderá diminuir a sua confiança e autoestima, e aumentar a dependência dos adultos. É igualmente importante que seja dada atenção à criança enquanto brinca sendo que na ausência de atenção positiva quando se “porta” bem, vai tentar atrair a atenção “portando-se” mal, como, por exemplo, fazendo uma “birra” ou destruindo um brinquedo.

As constantes mudanças de rotinas e a evolução tecnológica também afetaram as brincadeiras das crianças. Se há alguns anos era recorrente encontrarem-se crianças a brincarem nos baloiços dos parques públicos, agora é frequente as crianças isolarem-se no quarto ou na sala durante horas para jogarem os jogos de computador ou consola. Para os cuidadores, que para darem o “melhor” aos filhos, têm longos horários de trabalho chegando a casa exaustos e sem tempo para brincarem, os brinquedos tecnológicos são uma ajuda importante. Contudo, esquecem-se que o essencial às crianças não é ter o brinquedo mais avançado do mercado, mas sim o afeto e atenção de quem é mais importante para elas, ingrediente fundamental para um desenvolvimento saudável.

Na Mental8Works procuramos apoiar no desenvolvimento saudável das crianças e jovens, bem como na manutenção de relações familiares positivas. Por isso, incentivamos a que dedique mais do seu tempo a brincar com as suas crianças.

Desejo um feliz dia a todas as crianças e aos seus pais/cuidadores!

Maria Silva – Psicóloga Júnior da Mental8Works

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